Cirurgias ortopédicas de grande porte necessitam de prevenção ao tromboembolismo venoso

O tromboembolismo venoso (TEV) é uma complicação importante da cirurgia ortopédica de grande porte. Um estudo do Jornal Brasileiro de Pneumologia (JBP) avaliou a incidência da doença, além dos fatores que influenciam o seu desenvolvimento, em pacientes que fizeram cirurgias ortopédicas de artroplastia de quadril, artroplastia do joelho ou cirurgia de fratura de fêmur.

O TEV também é formado por outras duas complicações, o troembolismo pulmonar (TEP) e a trombose venosa profunda (TVP), que juntas compõem o quadro da patologia. Dos 1.306 pacientes que participaram da pesquisa, 29 (2,22%) receberam diagnóstico de TVP, enquanto outros 26 (1,99%) receberam diagnóstico de EP. A maioria dos pacientes apresentou EP e TVP, 61,5% e 72,4% respectivamente, nas primeiras 72 horas após a cirurgia. 

Além disso, foi constatado que pacientes submetidos à cirurgia de fratura de fêmur, com idade maior ou igual a 65 anos, e pacientes acamados tinham um risco maior de desenvolver TVP.

A ortopedista do Instituto Ferrer, Dra. Luciana Ferrer, comentou sobre o estudo. “Os resultados demonstram que o TEV foi uma complicação importante de cirurgia ortopédica de grande porte, apesar da utilização de tromboprofilaxia para prevenção. Os médicos clínicos devem estar alerta para a ocorrência de TEV, especialmente no período perioperatório e em pacientes idosos e acamados”, assegura. Este tipo de complicação, pode levar até mesmo à mortedo paciente. 

Na opinião dela, a profilaxia para o tromboembolismo venoso (TEV) e o tromboembolismo pulmonar (TEP) nas cirurgias ortopédicas, particularmente nas artroplastias, continua a causar um considerável debate entre profissionais da saúde, não apenas em nosso meio como em todo o mundo. 

“Esta realidade insere-se na percepção crescente de duas vertentes. Por um lado, a necessidade de prevenção de complicações evitáveis e de repercussão catastrófica como pode ser a do TEV e do TEP. Por outro lado, o cuidado de minimizar possíveis riscos de sangramento nas intervenções cirúrgicas”, afirma a Dra Ferrer.

A ortopedista também explica que não é comum ocorrer sangramento clinicamente significativo em pacientes que estejam tomando um anticoagulante em dose profilática. No entanto, o risco de sangramento pode limitar o uso adequado de anticoagulantes em pacientes submetidos a cirurgia ortopédica de grande porte. ”Como o TEV perioperatório é assintomático na maioria dos casos, é possível que essa importante condição clínica seja subestimada pelos cirurgiões, o que resulta em uso inadequado de anticoagulantes profiláticos”, explica.

A Dra. Luciana também chama a atenção para o fato de que a tromboprofilaxia e sua duração são importantes, especialmente para pacientes de alto risco. “Em uma análise, constatou-se que a incidência de TEP sintomática foi de 3,2% e a de TEP fatal foi de 0,1% em pacientes que haviam sido submetidos a artroplastia de quadril ou joelho dentro de um período de 3 meses e que haviam recebido tromboprofilaxia de curta duração”, conclui.